sábado, 22 de março de 2014

EM PAZ, VÁ NA PAZ

às vezes a vida se vai cedo demais.

aí a gente se dá conta do tempo.
ao tempo que não tivemos.
do tempo que deixamos pra trás
do tempo que não vivemos.
do tempo que não demos atenção.


feliz daquele que está em paz com o tempo. 

sábado, 4 de janeiro de 2014

DOS BICHOS DE ESTIMAÇÃO E DAS LIÇÕES QUE DEIXAM

"ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão. ( são francisco de assis)"

aos dois anos cometi um crime que só me foi revelado aos quase 30, meio sem querer. todos sabiam menos eu. e todos fizeram segredo para me proteger do meu próprio ato.

sultão e brigite era um casal de vira-latas que tinha lá em casa. ele preto, ela laranja. eu gostava deles, apesar do medo de me morderem. um dia nós fomos embora e sem poder levá-los me perdi deles pra sempre, mas aprendi que a vida também se faz com despedidas.

eu tinha um galo de campina, um passarinho lindo com as cores do time do meu avô e da minha mãe e o nome da minha cidade natal. sem querer me separar dele, levei no avião, escondido e protegido por um papel de presente. eu tinha 5 anos. ele ficou doente e eu sofri. minha mãe precisou usar da terapia de choque pra que eu engolisse o choro. ele ficou bom, arrumou novos amigos e fugiu. sofri, mas entendi que a liberdade é direito de todos.

tico e teco eram dois coelhinhos lindos e fofos que eu adorava brincar e por no colo. um dia não resistiram à liberdade anunciada em mata aberta e se foram. sofri, mas aprendi que por melhor que tratem a gente, a nossa casa é sempre o melhor lugar pra se estar.

aí vieram os peixinhos que brincavam com a minha sereia de plástico. a gente viajou e na ânsia de não deixá-los passar fome, demos comida demais e eles morreram. sofri, mas aprendi que exageros não são bons e a que a busca deve ser sempre pelo equilíbrio. eu tinha 7 anos.

outros vieram e se foram. os meus, de amigos, vizinhos...e sempre que eles iam eu sofria. foi quando decidi que não queria mais bichinhos de estimação, não queria mais o apego, nem a dor das partidas que aconteceriam de um jeito ou de outro.

e foi por isso que me esconderam o crime que cometi.

aos dois anos, na intenção de dar banho no meu pintinho amarelinho, o afoguei no tanque. minha mãe foi testemunha e me disse que ele estava dormindo. acreditei e esqueci. anos depois na revelação me senti cruel, mesmo sendo inocente.

e aí aprendi que a gente machuca mesmo sem querer, e sem querer podem nos machucar. então aprendi a não julgar sem antes perguntar e, sobretudo, ouvir. e aprendi a perdoar. e aprendi que a gente não deve ter medo de se apegar, se isso implica em viver.